R: Esta pergunta não tem resposta. A literatura fala mais da glicose, mas na prática não é isso que eu percebo.
O que eu percebo hoje é que os vasculares usam mais técnicas combinadas, como glicose com espuma e o laser. Então eu diria que, quanto maior efetividade, maior inflamação, maior pigmentação – em teoria – e é o que eu vejo na prática, mas isto não está documentado.
Coisas da técnica em geral podem diminuir hiperpigmentação como evitar extravasamentos de sangue e/ou esclerosante e danos termais para fora do vaso, compressão, resfriamento e drenagem de coágulos. Então, eu não tenho dado para dizer qual agente esclerosante hiperpigmenta mais, eu acho que é muito mais relacionado com a técnica e o Fitzpatrick do que propriamente o esclerosante e, no caso de laser, a pele bronzeada.
A chance, por exemplo, de haver hiperpigmentação de uma corona phlebectática é muito aumentada, pois ali é uma área que já tem extravasamento de hemácias com depósito de hemoglobina e de ferro. Tudo que está fora do vaso é inflamatório, seja sangue ou esclerosante, e aumenta significativamente a chance de hiperpigmentação.
Hoje não se tem evidências que suportem o uso de picnogenol para atividade antiinflamatória e anti-hiperpigmentação, assim como a arnica, ácido tranexâmico tópico e corticóide oral. Oriento os flavonóides orais da prática clínica do angiologista nesses casos. No caso de agentes tópicos, o ácido clareador pode ser colocado no pré tratamento, como um alfa hidroxiácido, um ácido glicólico 10% – que não é fotossensibilizante – e pode ser mantido no peri e pós tratamento. E caso houver a hiperpigmentação, pode-se acrescentar hidroquinona, normalmente a 2%, que é seguro ou o ácido retinóico, que são Gold Standard para tratamento de manchas.
O que eu vejo na prática no consultório é que pacientes que têm um preparo pré, peri e pós tratamento antiinflamatório via oral são menos inflamados, têm menor potencial de hiperpigmentar. Pacientes que se alimentam de forma adequada e exercitam-se têm uma resposta de neocolagênese muito melhor.
É importante a preparação do paciente, pelo menos 30 dias antes de iniciar o tratamento: preparar a pele: hidratar com hidratantes de toque seco, não usar sabonete nas pernas e não se bronzear, utilizar flebotônicos que podem auxiliar no efeito antiinflamatório e uso de meias elásticas.
É essencial informar o paciente com Fitzpatrick IV ou mais que ele tem mais chance de hiperpigmentar, e que não terá um resultado rápido e sem risco. Observar se o paciente já tem manchas prévias, conversar que ele está num processo terapêutico, e que não serão uma ou cinco sessões, mas sim um tratamento dinâmico e constante que ele vai ter que voltar regularmente.
Resumindo, o preparo do paciente e a avaliação adequada da pele, como bronze, manchas prévias e Fitzpatrick esão essenciais e, aliados a uma técnica evitando extravasamento de componentes para fora do vaso, podem fazer diferença no resultado mais do que o próprio agente esclerosante escolhido.
DRA. SAMANTHA NEVES